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Archive for the ‘Economia’ Category

Vale a pena ler o que se vai escrevendo por aqui acerca da subida persistente do preço do petróleo, e do papel que especulação tem no preço final.

A ler estes dois textos (este, e este), e os que se seguirão.

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No Expresso:

209-030_large.jpgO Instituto Nacional de Estatística revelou hoje que, em média, cada agregado familiar tem um rendimento anual líquido de €22.136. Uma verba que representa €1.845 por mês e onde quase metade é gasto em alimentação e habitação.

As famílias portuguesas gastam quase metade do seu rendimento mensal líquido de €1.845 na habitação, água, electricidade, combustíveis e alimentação. São cerca de 42% do total que mensalmente são usados com este fim. É uma das principais conclusões do Inquérito aos Orçamentos Familiares que o Instituto Nacional de Estatística realiza a cada cinco anos e que hoje foi divulgado. Os números, referentes ao período entre Outubro de 2005 e Outubro de 2006, revelam que, em média, cada agregado familiar vive com um rendimento anual de €22.136.

Desde 2000, o ano do último inquérito, os gastos com a habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis foram a rubrica que mais cresceu na despesa das famílias. Há oito anos, consumiam apenas 19,8% do rendimento, em 2006 levavam 26,6%. Pelo contrário, a alimentação e as bebidas não alcoólicas continuaram a perder peso ao longo deste período, embora representem a segunda maior fatia com 15,5% do total.

“Existem três tipos de mentiras: as pequenas mentiras, as grandes mentiras, e as estatísticas”. A Média, essa malandra!

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513977252_73d622c18f_o.jpg Portugal é um país onde a pobreza prolifera de forma bastante marcada. Quando comparado com os seus congéneres europeus, principalmente com os mais antigos da UE15, o nosso país faz fraca figura, e salienta-se como um dos países onde a vulnerabilidade à pobreza é maior, quer em extensão, quer em intensidade. Na génese deste atraso estrutural estão processos históricos de subdesenvolvimento dos quais podemos referir, como pequenos e breves exemplos, a tardia e difusa industrialização, sendo que Portugal nos anos 60 era um país dominado pela actividade agrícola pouco modernizada, e um paupérrimo índice de escolarização, estando este último associado a uma “riquíssima” taxa de analfabetismo de 30%, nos anos 60. O país passou por um forte desenvolvimento e crescimento económico nas últimas décadas, que lhe permitiu ganhar um novo fôlego. Ainda assim, Portugal é um país pobre no contexto europeu, e apresenta níveis elevados de pobreza no seu interior. A europeização plena da sociedade portuguesa está longe de ser concretizada.

Interessa, assim, referir alguns indicadores importantes na medição da pobreza.

1) Portugal é o país da UE15 com o valor monetário mais baixo do limiar da pobreza oficialmente utilizado no espaço europeu. O valor que estabelece o limiar da pobreza corresponde a 60% do rendimento monetário mediano. Em Portugal, entre 1995 e 2001, esse valor passou de 3.745€/ano para 4.967€/ano, correspondendo isto a um crescimento de 32,6%. Na União Europeia, esse valor passou de 6.305€/ano para 8.253€/ano, correspondendo a um crescimento de 30,9%, em igual período. Portugal continua longe dos padrões europeus aos quais almeja chegar, e está especialmente distante de países como a Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Luxemburgo e Áustria. (ver gráfico 1)

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2) O indicador «risco de pobreza após as transferências sociais» demonstra que na UE esse risco desceu, entre 1995 e 2001, de 17% para 15%, enquanto em Portugal ele desce de 23% para 20%, no mesmo período. Nota-se um avanço considerável neste indicador, mas se olharmos para o «risco de pobreza antes das transferências sociais» verificamos que em Portugal o risco de pobreza praticamente não se altera sem as transferências sociais, já que sem elas a pobreza estaria mais ou menos estabilizada nos 27%. (ver gráficos 2 e 3)

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De qualquer modo, o mercado produz a mesma percentagem de pobres em Portugal e na Europa, contudo com mais desigualdade e de forma mais persistente no nosso país, num contexto em que há uma menor correcção introduzida pelas políticas sociais. Na União Europeia, a diferença entre o risco de pobreza antes e após as transferências sociais é, em média, de 9 pontos percentuais. Em Portugal, e nos restantes países do sul, essa diferença situa-se apenas entre os 3 e 4 pontos percentuais. O impacto das transferências sociais é maior em países onde a pobreza é menor, e menor em países onde a pobreza é maior, como é o caso de Portugal.

 

3) Portugal destaca-se novamente, pela pior posição no contexto europeu, quando perspectivamos a «pobreza persistente», um indicador que nos mostra a natureza mais ou menos consolidada da incidência da pobreza. Em Portugal, 15 % das pessoas encontram-se nessa situação, o que representa cerca de 6 pontos percentuais acima da média europeia. Próximos do caso português estão Grécia, Itália, e Irlanda. (ver gráfico 4)

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4) Usando o «índice de Gini», um indicador bastante utilizado para medir as desigualdades (que sublinham a gravidade do problema da pobreza no nosso país), podemos constatar que o valor deste indicador para Portugal era, em 2001, de 37 (numa escala de 0 a 100, sendo 100 o valor a que corresponde a máxima desigualdade). Isto coloca-nos 9 pontos percentuais acima da média da UE15. Mais preocupante ainda é notar que na Europa esse valor tem vindo a decrescer desde 1995, e em Portugal o valor do índice de Gini é o mesmo em 1995 e 2001. (ver gráfico 6)

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Temos assim alguns indicadores que nos permitem começar a perceber a dimensão da pobreza em Portugal. Mais textos sobre o tema se seguirão.

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